quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Cuidado, olha a Cona!

Uma das coisas mais loucas daqui da Bélgica são as ruas. Nesta época do ano (não sei em meses mais frios), elas são abarrotadas de um tudo: carros, bicicletas - muitas bicicletas -, patinetes, motos, troles, ônibus, caminhões, pedestres, cachorros, carrinhos de bebê. Há trechos imensos em que a calçada e a rua propriamente dita não têm limites claros e definidos, e a sensação que dá é que testemunharemos acidentes horrorosos entre uma criancinha andando de bicicleta e o trole que vem vindo, ou um patinete a toda velocidade e aquele velhinho de bengala ali na frente, ou... vocês entenderam, né?
Nesse contexto - e considerando que bicicletas aqui são realmente muito populares e trafegam por todos os lados, inclusive em cima de calçadas e em vias partilhadas com pedestres -, ando tensa. Motores são fáceis de serem escutados, mas muitas coisas que circulam por aqui são bastante silenciosas, e eu nunca sei se estou na calçada, na via compartilhada, no meio da rua.
Numa dessas, estava eu com a família completa, contemplando um castelo no caminho - Europa tem disso, né? Tá andando e pá!, um castelo de mil anos -, quando ouvi um barulho na calçada. Era uma bicicleta, seguida por um patinete. Saltei para a rua, ou o que achei que era a rua, e fui advertida pelo marido:
- Cuidado, olha a Cona!
Ergui os olhos e vinha, atrás de mim, um imenso caminhão vermelho com CONA em letras brancas. Dentro dele, dois homens que não faziam a menor ideia de que, na minha língua, eles dirigiam uma imensa vulva.
Bélgica, o país onde o tráfego é tão louco que até mesmo uma cona poderia ter me atropelado!

Bicletas, pessoas, carros, ônibus, troles, igrejas e quase nenhuma separação entre rua e calçada.

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