sexta-feira, 28 de setembro de 2012

E o bom conselho?

Vocês já me viram dando muito ataque de pelanca por conta dos pitacos que recebi e ainda recebo sobre como criar o meu filho e tocar a minha vida. Acontece que, conversando com uma das amigas grávidas (uma que agora é ex-grávida porque o filhote lindíssimo dela nasceu!), e dando meus pitacos (quem resiste? hipocrisia com sinceridade pode?), percebi que alguns conselhos que recebi foram surpreendentemente bons!
Daí, resolvi fazer uma listinha do que funcionou aqui em casa e que pode ajudar alguma grávida ou mãe recente nesse mundão wireless e 3G de meu deus.
E se você for adepta do ditado que diz que "se conselho fosse bom não se dava: vendia-se", aceito o depósito de uns caraminguás na minha conta... heheheh

  • Sobreviva - acho que esse foi um dos melhores conselhos que recebi para o puerpério. Nossa sociedade midiática e imagética cria estereótipos tão distantes da realidade que não raro nos frustramos com a doce vida que levamos. Eu, como representante da classe média achatada e (mal-)resolvida da zona sul carioca digo, minha realidade é doce, sim, pois tenho comida no prato (chã, patinho ou lagarto do Prezunic, mas é comida!), um teto (alugado) e pequenos luxos (creche para o filhote, tv a cabo e queijo brie na geladeira de vez em quando). Mas o que vemos na mídia são supermães, que perdem todos os quilos da gravidez no primeiro mês, têm peles maravilhosas e sem estrias, espinhas ou cravos, cabelos sedosos, nada de olheiras, corpos recuperados (em termos estéticos) em poucos dias. Males da nossa sociedade (desde os tempos de Pessoa, mas talvez ainda mais distante no tempo e mais profundamente em nossa cultura, não sei) que são potencializados pela mídia, até mesmo a mídia "informal", como os blogs. Afinal, minha gente, quem nunca viu por aí, nos blogs, supermães cujos filhos são lindos, espertos, maravilhosos e irretocáveis, cujos partos foram enlouquecedoramente perfeitos e cujos puerpérios são tirados de letra, sem estresses, sem tristezas, e elas nunca, jamais, em momento algum erram (e se erram é somente para fazer algo ainda mais brilhante na sequência)? Então, minhas amigas, sobreviver é um conselho maravilhoso! Porque uma mãe de primeira viagem não sabe um monte de coisas, precisa se adaptar e adaptar a família toda a uma série de coisas novas, porque uma mãe recém-nascida está louca de hormônios e está sendo sugada literal e emocionalmente por um serzinho absolutamente desconhecido e muitas vezes idealizado (o que leva a frustrações quando, por exemplo, o bebê não dorme a noite toda desde que voltou da maternidade, como o bebê da vizinha da prima da tia do marido). Logo, sobreviver, fazer o que dá, como dá, quando dá é ótimo. Não tente ser supermãe logo de cara. Não dá. Por maior que seja o instinto materno, você vai errar ou se desesperar ou as duas coisas juntas em meio a uma crise de choro do baby blues. Sobreviva. Aos poucos monte rotina, conheça seu filho, descubra o melhor caminho para vocês.
  • Respire - quando nada parece estar sob seu controle ainda existe uma coisa que você pode controlar e que vai realmente te ajudar a ir adiante e ultrapassar a agrura da vez: respirar. Respire de maneira consciente, inspirando e expirando.
  • Durma quando o bebê dormir - dane-se que tem visita na sala. Ela provavelmente dormiu a noite toda e vai dormir essa madrugada também. Quanto a você, já não há garantias. Então, durma!
  • Faça uma cestinha - em uma cestinha com alça (ou qualquer outra coisa com alça), coloque comidinhas (frutas, barrinhas de cereais, nozes etc.), uma garrafa de água, os telefones (celular e sem-fio), um caderninho e uma caneta. Carregue com você pela casa. No começo você se sente uma idiota fazendo isso, mas depois você vai perceber quão independente se tornará.
  • Dê banho enrolando o bebê numa fralda de pano - sério, isso mudou minha vida! Arthur odiava tomar banho, até que ouvimos o sábio conselho de enrolar o bacuri na fraldinha. É assim: você tira toda a roupa da criança,tira a fralda, limpa as partes pudentas e enrola o bebê numa fralda de pano. Daí, emerge o "pacotinho" na banheirinha e, para lavar, vai desembrulhando as partes: perninhas, bracinhos, peito... Tiro e queda! Arthur hoje em dia AMA tomar banho. Ah, e tem que notar o que seu bebê prefere: água mais quentinha ou mais morninha.
  • Rotina, rotina, rotina - "lavar roupa todo diaaaaa, que agoniaaaaa...". Ninguém sabe o que é rotina de verdade, só o Bill Murray naquele filme do Dia da Marmota (aproveite a licença-maternidade para ver Sessão da Tarde!) e os pais de bebês e crianças pequenas. E realmentte é fundamental estabelecer uma rotininha para que seu bebê se sinta mais seguro e feliz, e para que você consiga se organizar para fazer outras coisas na vida além de amamentar e trocar fralda, tipo ir ao banheiro, escovar os dentes e, com sorte, até tomar banho. Aqui em casa, a rotina foi crescendo a partir da hora de dormir. Ou seja, primeiro ensinamos ao Arthur que existia dia e noite, e que de noite ele deveria dormir. Assim, às 19h começávamos a entrar no modo "hora de dormir" e falávamos mais baixo, reduzíamos a intensidade das brincadeiras, ficávamos na penumbra e vetamos visitas pós oito da noite. Às 20h preparávamos o banho, com tudo absolutamente igual e ritualizado: mesma hora, mesma música, mesmo sabonete líquido (cheiro), mesma ordem de limpeza na banheira, mesmas frases na hora do banho, tudo igualzinho. Daí, sentávamos no sofá, só com a tv ligada (no mudo), e eu amamentava até que filhote dormisse. Ele aprendeu bem rápido e em poucos dias já estava no esquema. A partir daí, conseguimos ir montando uma rotininha, que ainda não está 100% estabelecida, mas que já é uma boa estrutura com a qual operamos muito bem, obrigada. Vale a pena, portanto, investir nesse sistema depressivo de repetir tudo de maneira idêntica, pois depois tudo fica melhor e mais fácil de gerir. Como dizia Renato Russo, "disciplina é liberdade".
  • Os 5 S - esse truque aprendemos na marra mesmo! Marido e eu íamos lá pelo quinto ou sexto dia do Arthur zumbizão, chorando horrores, dormindo nada. Daí marido foi catar na internet explicações para o inexplicável e deu de cara com um artigo científico de psicologa que citava o sistema dos 5 S do pediatra norte-americano Harvey Karp. Finalmente dei bom uso aos famosos cueiros do Arthur e resolvemos 98% das choradas desesperadas com o barulhinho infernal do útero materno (o que temos salvo em todos os computadores, no dropbox e em pelo menos 3 cds). Nos deixa meio surdos, é verdade, mas Arthur adora e fica visivelmente mais calmo. Funciona que é uma maravilha com o secador de cabelos e, se seu bebê não for muito criterioso, com tv ou rádio fora de sintonia (o chiadão mesmo). Arthur é seletivo e só se acalma com o som "original" ou com o secador. Mas voltando ao método, não curto todos os S propostos pelo cara e, por mais que treinasse, nunca consegui fazer aquele suave chacoalhar de lado com meu pequeno. E como não usamos chupeta, aqui em casa os 5 S viraram 2 S mesmo: swaddle e shhh.
  • Você vive para isso - essa descoberta eu fiz sozinha, e acho que pode ajudar alguém, embora eu saiba que não funciona para todo mundo. No começo do puerpério eu ficava muito angustiada por "não ter tempo para mais nada", até que um dia me dei conta de que cuidar do Arthur era absolutamente tudo o que eu tinha para fazer na vida e parei de "brigar" com meu lado "quero fazer tudo". Passei a curtir bem mais meu filho e fiquei mais feliz por ter o privilégio de poder cuidar dele nesses primeiros meses. Então, mamãe recém-nascida e angustiada com a mesmice do púerpério, tente pensar que você, agora, vive para isso: para cuidar do seu filho.
  •  
    Ser mãe (e ser pai) é tarefa exaustiva não só porque os filhos, no começo, dependem absolutamente de nós para sobreviverem. Mas também porque existem mil caminhos, um verdadeiro jardim borgiano, em que se vai escolhendo uma das muitas possibilidades de resolução de um problema imediato (o que elimina automaticamente todas as demais possibilidades de resolução daquele problema, naquele momento) e, assim, vai-se construindo um labirinto (muito mais que caminho) por onde devemos transitar e para o qual não há qualquer garantia de resolução, pois mesmo que sigamos os passos e escolhas alheios, nossos filhos são únicos e podem ter necessidades ou podem interpretar o mundo de modo diferente de outro bebê. Ou seja, cada pai e cada mãe tem a mui árdua tarefa de buscar, por conta própria, sem garantias de sucesso e arcando com as consequências dessas escolhas, aquilo que é (ou parece ser) mais certo naquele momento para si, para seu bebê e sua família. Por isso, meu conselho final não poderia ser outro: ame e faça escolhas conscientes. A maternidade (e a paternidade) é sem garantias. E é assim para todo mundo.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

100 dias com ele

Cem dias e parece que nunca vivi sem ele. O que de certo modo é verdade porque esperei por ele anos e anos. Tá certo que achava que seria mãe de uma menininha. Mas só porque minha família só gera mulheres e, antes do Arthur, o último homem que havia nascido fora em 1959. Então, exceto por esse detalhe (não insignificante, é claro, mas ainda assim um detalhe), eu passei toda a minha vida adulta com Arthur, gestando a ideia de concebê-lo, pari-lo e criá-lo.
Quando me descobri grávida, estive grávida da ponta do cabelo à unha do pé: enjoei, dei piti hormonal, comi coisas loucas (não bebi coisas loucas), fiz xixi no palito, exame de sangue, ri sozinha, chorei acompanhada das malditas estrias, tive medo, esperança, confiei cegamente e me abandonei na aventura. (Outro dia até me peguei pensando, muito surpresa, que confiava tanto em que eu conseguiria parir que nunca passou pela minha cabeça que eu poderia precisar de uma cirurgia e que eu não tinha dinheiro para pagar equipe cirúrgica particular! Olha que doideira!) Vivi para e com Arthur por muito mais que os 9 meses de gravidez.
Quando ele nasceu, saí derrubando mitos meus e alheios. Sambei na cara da sociedade cesarista, como vocês já sabem, e também desmistifquei dentro de mim muita coisa da maternidade. Coisas boas, como o mito do amor instantâneo pelo recém-nascido, e coisas ruins, como dificuldades de relacionamento entre pais e filhos ou a minha incapacidade de criar e sustentar um filho (um dia, quem sabe, falo um pouco mais sobre isso por aqui). Renasci em mim mesma e no pequeno ser que acabava de trazer ao mundo.
Agora, cem dias depois, ainda estou trabalhando arduamente na reconstrução da minha identidade, agora partida no binômio mãe-bebê e na multifacetada mulher do século XXI. Também me empenho em usar o tempo de licença-maternidade para conhecer meu pequeno filhote, para criar e estreitar laços, para ir fundo no verbo maternar. E é difícil, viu, gente? Não pelo Arthur, docinho de menino, bebê delícia, mas por mim. Saber construir a mãe que quero e posso ser é tarefa exaustiva, e que jamais se esgota. É se questionar e rever conceitos, ideias e possibilidades todos os dias. É buscar se encaixar em uma realidade cambiante, e muito mais cambiante que a vida sem filhos porque há, além das variáveis da vida cotidiana normal, uma vida absolutamente dependente de mim. Agora, cem dias depois de parir Arthur, sei que estou cansada, mas profundamente feliz e realizada. Cem dias com ele são muito mais que cem dias com ele: é toda a nossa vida como mãe e filho. E como é bom viver essa nossa toda vida!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Para onde vão os sonhos depois que parimos? - parte 2

Parir. Gosto tanto dessa palavra! Começa com uma consoante plosiva bilabial absolutamente familiar: a mesma letra de papai, papá, pé. Depois, se abre por completo, em um A que vai no topo da pirâmide fonética das vogais, lindo, vivo, amplo. E aí termina com a multiplicidade de erres, termina-se rindo: RIR. Pode falar: lindão parir, né?
Pois é, mas como fazer para sonhar depois de fazer nascer uma pessoa?
Essa pergunta anda me apoquetando (e inspirando textos como o de ontem) porque se por um lado é muito fácil querer, desejar e planejar muitas coisas, é inquietante saber que todas as possibilidades incluirão o Arthur. Para o bem (fazer parte de seu crescimento, ajudá-lo a viver seus sonhos e desejos, tê-lo por perto e fazer da minha vida, da vida dele e da vida do marido a nossa vida) e para o mal (projetar, tolhir, supor, sufocar de amor). Hoje, se planejo uma viagem, Arthur e marido vêm antes do destino, da mala ou do dinheiro. É lindo, mas dá medo, porque parece que meus sonhos não são mais meus, embora tenha sido exatamente com isso que sempre sonhei.
Não quero que vocês leiam este texto como se fosse um desabafo desesperado, por favor. Leiam com leveza. Pensem no sol através da bolha de sabão e leiam, pois assim é a pergunta na minha cabeça: leve, furtacor, cambiante.
Se sonho, incluo minha família, e o sonho é nosso. Mas como manter o direito que nós três temos de sonhar? Como planejar novos rumos e evitar saltos no vazio, tombos coletivos e rastejar na mesmice em nome da segurança?
Tenho muito medo de que minha vida se torne pouca para mim. Notem bem: para mim. Não quero optar pelo trabalho em casa e achar que merecia mais valia, décimo terceiro e competitividade. Não quero escolher pelo trabalho CLT e pensar que deveria estar em casa, cuidando de perto do que me faz feliz, tendo a chance de vivenciar todas as experiências da maternagem. Não quero embarcar no sonho do marido e supor, mais tarde, que me faria melhor tentar do meu jeito.
Acho que embutida nessa pergunta dos sonhos está meu questionamento infindável pela identidade: onde estou? quem sou? como viver plenamente este desafio que sou eu?
Enfim, para onde vão os nossos sonhos depois que os filhos nascem? Às vezes eu acho que os meus foram todos inspirados com sofreguidão pelo Arthur na hora do parto, e que ele os vai liberando delicadamente, para sempre, a cada suspiro ou sorriso.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Para onde vão os sonhos depois que parimos?

Meu sonho sempre foi Parir. Com letra maiúscula, sem anestesia, nada de véu e grinalda: parir. Dilatar, contrair, fazer nascer de dentro de mim o amor maior da vida de tanta gente - eu, marido, avós, futura companheira (ou companheiro) e quem mais quiser e puder amar meu filho. E assim, por anos, cultivei esse sonho, acalentei esse sonho, cuidei, acarinhei e busquei trilhar caminhos que me fizessem realizá-lo. Fiz minhas oferendas à Nossa Senhora do Bom Parto, tendo sempre cuidado com minha saúde e minha mente, para que o parto fluísse e, no que dependesse de mim, acontecesse.
E aconteceu. Foi lindo, intenso, mágico, fundador. E, se por um lado ficou (na lembrança, na memória, no Arthur e na mulher que hoje sou), por outro, passou. Foi um momento, brevíssimo nessa vida longa (ainda bem!) que venho tendo. Onze horas em trinta anos é um átimo.
[Suspiro]
Agora, claro que continuo sonhando com os próximos partos. Meus e alheios, sonhando com uma melhoria significativa das condições de nascimento no Brasil e no mundo, sonhando com ocitocina natural democratizada. Mas, confesso, tenho e tive outros sonhos, que diante da beleza e da magnitude da maternidade se tornaram sonhos outros, sonhos distantes, não porque irrealizáveis, já que Parir, com maiúscula, dá uma sensação de tudo poder, mas distante porque as prioridades são outras e as vontades acompanham risadinhas e mãozinhas na boca.
Em termos profissionais, por mais que ame minha ocupação extra-casa, dá uma vontade muito grande de não voltar quando a licença-maternidade acabar. Porém, trabalhar é preciso, maternar é impreciso, e temos necessidade aqui em casa do meu salário no fim do mês. Ossos da luta pela igualdade de gêneros. Além disso, tenho um projeto profissional em suspenso no espaço etéreo do sonho.
E aí eu me pergunto (e a quem mais quiser responder, claro) para onde vão os sonhos depois que parimos? Porque meu espaço se multiplicou e se expandiu, abarcando outros mundos. Mundos em que Arthur e marido vivem, e meu caminho não pode mais ser trilha, aberta no facão da tentativa-e-erro que tantas coisas exigem. Não penso em pedir demissão, não penso em dar um passo rumo ao impalpável. E sofro sorrindo (porque tenho meus amores a meu lado) porque não sei como e quando dar vazão a minhas aspirações de outrora. Notem bem, não digo que não tenho meus pequenos sonhos, minhas ambições profissionais imediatas e plausíveis. Falo daquela conquista epopeica que, ao lado do parto, fundaria uma Ártemis completamente completa e realizadora das forças em potencial. Claro que trabalho e continuarei a trabalhar, mas onde e quando ousar?
Faz-se necessário, portanto, um mapa. O mapa dos lugares alcançáveis depois da realização de dois grandes sonhos: parir e maternar. Para onde rumar agora que tenho meus olhos postos na plena alegria de querer, lutar, conquistar e ser feliz? Como continuar (em moto contínuo) a ser feliz? Os sonhos param em um momento? Ser feliz é mesmo uma condição imanente aos seres, ou apenas "estamos felizes" e o devir, graça da vida, acabará com tal estado tão logo entremos no rio caudaloso do cotidiano? E se somente "estamos felizes", como manter-se feliz se não sabemos onde os sonhos estão?
Quem souber responder, agradecida. Por enquanto vou feliz, querendo continuar assim por tempos imortais.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Há um ano

Há um ano, a essa hora, eu engravidei. Tá, mentira que eu sei exatamente quadno eu engravidei, mas as contas deram assim e eu vou fingir que foi assim porque é aniversário da minha gravidez e eu faço o quiser no aniversário da minha gravidez, né?
Achei bom engravidar em setembro porque combinou com essa coisa de querer um parto natural, afinal as fêmeas engravidam, geralmente, na primavera. E com tudo ao redor florescendo, acabei me sentindo ainda mais em sintonia com a natureza. Que beleza!
Mas fora esse motivo meio Discovery Channel, engravidar em setembro faz com que:
- seu primeiro trimestre termine às vésperas do Natal, e aí você pode anunciar a altos brados que está grávida, dando de presente de Natal a boa nova e recebendo em troca 2.784 presentinhos para o bebê  (dos quais, 2.416 serão sapatinhos de crochê) e um óleo de amêndoas para você, ou melhor, para a parte de fora daquilo que carrega o bebê;
- seu verão seja passado com uma barriga modesta, mas já definida, e aí você pode colocar um biquininho fio-dental e... ops! Você pode colocar um biquini de mãe de família (conhecido como sunquini) e até ir para o carnaval fantasiada de havaiana safadinha (coisa que você não fazia desde os 15 aninhos);
- você tenha temperaturas agradáveis nos dois extremos da gravidez, pois enjoará em meio a pólen, flores e temperaturas amenas primaveris, e parirá em meio à neve, se não morar no Rio de Janeiro (porque se morar, parirá mesmo debaixo de um solzaço, num dia quente e que deu praia);
- você possa se cobrir bastante no fim da gravidez, o que é genial, se você, como eu, teve estrias até na testa;
- ao final de todo o processo, você tenha um marido, namorado ou companheiro mais compreensivo, pois, sentirá calor aos 16 graus e ligará o ar-condicionado ou ventilador, enquanto ele se encolhe debaixo de três cobertores. Assim, ele saberá como você se sente sem o combo progesterona-prolactina aloprando sua sensação térmica e será mais parceiro na próxima vez que você pedir "amor, diminui o ar?";
- seu parto caia no inverno. E parir no inverno é ótimo para se enroscar bem enroscadinho com o filhote recém-nascido e curtir o calorzinho gostoso que todo bebê exala!

Diz se não é ótimo engravidar em setembro?!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Um é louco, dois é sufoco, três é demais!

Fechamos um ciclo. Mais um. Os primeiros foram três: os trimestres da gestação. Depois veio o ciclo do trabalho de parto, que começou antes do dia do parto, com o aninhar e preparar a casa para seu novo habitante. Então veio o parto, com força, doloroso, intenso, arrebatador, inesquecível. E nasceu. Ou melhor, nascemos. Três: pai, mãe e filho. Ok, quatro: pai, mãe, filho e cachorro, que também precisou se adaptar àquele serzinho que chorava e roubava a atenção dos humanos da casa.
O primeiro mês foi uma loucura! Me entreguei por completo à tarefa de conhecer meu filhote. Sofri todas as dores da amamentação, do baby blues e a palavra de ordem, certamente, foi superação. Superar o medo que dá de não conseguir dar conta, de não conseguir viver novamente. Superar limites e estabelecer outros que precisam ser bem claros: do meu filho, cuido EU! Minha cria, meu filhote, meu.
O segundo mês foi um sufoco! Rotina do bebê estabelecida, era preciso entender meu novo lugar no mundo, criar uma nova rotina para mim, para o pai, para o cachorro. E sufoco foi ainda amamentar com dor, com sangue, com lágrimas, com intensidade. A palavra de ordem foi adaptação. Porque as coisas começaram a se estabelecer e não havia mais tanta necessidade de se matar um leão por dia, de se provar que seria possível.
O terceiro mês, então, fecha mais um ciclo. Dizem que é o fim da gestação propriamente dita, e que a partir de agora tenho um bebê, não mais um recém-nascido. Com isso, digo que foi tão bom viver essa loucura dos primeiros meses e ir conhecendo aos pouquinhos esse serzinho tão perfeitinho, lindo e cativante que é meu filho, que, com certeza absoluta, o mês se expressa bem na palavra fascinação. Arthur se desenvolve e me surpreende cada vez mais, com o tanto de amor que desperta em mim (e com o tanto de tralha que já acumula: cadeirinha de carro/bebê conforto, carrinho, balancinho, brinquedinhos, banheira, berço, roupinhas... e ele tem apenas 60 cm!!!). Ainda bem que ele veio, do jeitinho que é, do jeitinho que chegou e como tudo, cada segundo se desenrolou, porque assim eu pude me descobrir a mãe que hoje sou. Longe de ser perfeita, mas certamente querendo ser melhor, cada vez mais, para poder saber mostrar a meu filho como trilhar seu caminho com segurança, respeito ao próximo e a si mesmo, leveza de espírito, fé, saúde e determinação.
Espero que nos próximos ciclos que eu, marido e filhote fecharemos tudo corra bem e que consigamos crescer no amor, na alegria, na paz e também, porque faz parte da vida, nas adversidades que aparecerem.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma hora pequenina

Eu morei 6 meses em Portugal. E me ria muito das diferenças dos falares lusitano e brasileiro. Durex lá é camisinha, bala é rebuçado, torrada é toste, sanduíche, sandes, suco é chamado de sumo e nosso isopor recebe o pomposo nome de esferovite. Uma mulher muito bonita é, com sotaque da terrinha, uma gaja bué da gira. E lá, quando se vai ter um bebê, não recebemos os votos de "uma boa hora", como acontece por aqui. Além-mar se deseja à parturiente uma hora pequenina.
Achei lindo quando ouvi pela primeira vez porque é assim mesmo que acontece, a meu ver, o parto: uma hora pequenina em muitos sentidos. O primeiro deles é no que diz respeito à duração do parto. Mesmo uma mulher que fique 24 horas em trabalho de parto vai ter uma hora pequenina porque, se compararmos a duração do processo à duração da vida de nossos filhos, a hora pequenina é, na verdade, uma hora ínfima. Além disso, uma coisa pequenina nos inspira cuidados e, geralmente, nos enche de ternura. Pensem em coisas pequeninas: bebês, filhotes, miniaturas, detalhes. Os detalhes, tão pequenos (de nós dois, ou não), geralmente são aquilo que fazem a diferença na vida, pessoas e objetos. Logo, essa hora pequenina, traz o cuidado, o amor, a delicadeza e a ternura de que precisamos, e, assim, faz toda a diferença nas nossas vidas. Por fim, uma hora pequenina também quer dizer que você deseja para aquela mulher um parto sem sofrimento (eu tive muita dor no meu parto, mas nenhum sofrimento, felizmente!) e breve. E nesses votos de brevidade está implícito o carinho de dizer que você deseja que haja alguma dor na vida dessa pessoa, mas que ela seja passageira, exista apenas para abrilhantar ainda mais os momentos de alegria e, existindo por pouco tempo, deixe que os bons momentos superem os momentos menos prazerosos.
Assim, quero desejar uma hora pequenina a todas as grávidas que passam por aqui, mas em especial a quatro delas: Thais, Paloma, Stephania e Lia. Que vocês tenham um momento sublime, completo e inesquecível!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Coisas que ♥ no meu filhote

Arthur faz umas coisas muito fofas, que eu amo muito, muito, muito e que, junto com outras, me ajudam a conhecer cada vez mais sua personalidade. Tipo?

♥ O espirro falso - uma das coisas mais deliciosas, cuti-cutis, fanfarronas e engraçadas que meu filho faz é dar um espirro falso. Ele abre a boquinha, deixa os olhinhos semi-cerrados, se concentra para espirrar, mas o espirro falha e ele faz "atchim", rindo escandalosamente (sem som, of course) depois.

♥ Ri para quase todo mundo - eu amo gente simpática e bem-humorada, e Arthur é bebê dado. Ri para as pessoas na rua, no elevador, ri no meio de um choro ou reclamação, ri SEMPRE para mim. Ri, ri, ri, ri. Desde os vinte dias de vida!

♥ Suspiros e respiros - amo os barulhinhos, suspiros e ronronadas que ele dá enquanto mama. Tipo: "ai, era exatamente isso que eu queria, mamãe!"

♥ Mamar ainda que não haja peitinho - Arthur é bom mamador. Gosta da coisa e se empenha cada vez mais em mamar bem (está ficando cheeeeio de dobrinhas!). Então, quando ele dorme no meio da mamada e acaba soltando o seio, ele continua a fazer o movimento de sugar, com a boquinha aberta, mamando um peitinho inexistente. Tão fofo!

♥ Preciso me espreguiçaaaaaaaaaaaaaar - filhote adora se espreguiçar. Às vezes, no meio da mamada, do chamego ou da brincadeira ele para, levanta os bracinhos e se estiiiica, com uma carinha deliciosa de "aaaaaaaaaahhhh!".

♥ "Esse peitinho é meu!" - me derrete quando ele, ao terminar de mamar, faz questão de continuar deitado em cima do meu seio e pousa a mãozinha ao lado do rosto, como quem diz: "esse peitinho aqui, ó, é meu!"

♥ Beicinho - sério, até na hora de chorar Arthur é uma coisa! Olha no fundo dos nossos olhos, vai espichando o beicinho, faz cara de magoado e... nhéééé.

♥ Pezinhos em mim - no meio da madrugada, nós dois deitados, eu ofereço o seio e ele só sossega quando, deitado de lado, virado de frente para mim, consegue colocar seus pezinhos em contato com meu corpo.

♥ "Eu espero, mamãe" - sou meio enrolada por natureza, e com essa coisa de amamentar com dor e dificuldade nem sempre sou rápida no gatilho na hora de sacar as peitolas. Arthur, mesmo esfomeado, irritado ou ansioso, para de chorar e me espera.

Ai, filho, como eu te amo!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ninguém me contou

Sabem, antes de engravidar e já grávida eu li uma penca de coisas sobre parto e puerpério, no entanto algumas coisinhas me pegaram desprevinida porque nunca são mencionadas ou lembradas (ou eu que passei batido por essas informações). Daí que eu fiquei bobinha com isso aqui, ó:

Seu umbigo não volta ao lugar tão cedo - Arthur vai perto da madura idade de 3 meses e meu umbigo ainda parece um celeiro, onde eu poderia estocar comida caso houvesse uma guerra ou uma grande estiagem no Rio de Janeiro.

Sua barriga faz bronzeamento artificial
- a única explicação que posso dar para esse tom romã em minha pança é que ela ganha vida própria enquanto eu durmo, levanta e vai fazer um brozeamento artificial. Eu, pálida, estou com uma barriga (flácida) morena. Ah, e a linha negra continua aqui, firme e forte.

Você vai sentir muita sede, ok. Mas também vai ter uma fome infindável - só penso em comida. Até cozinho, minha gente! Tudo o que faço é pensando no que posso ou quero comer. Comida, comida, comida.

Seus peitos vão doer no supermercado - você está felizona porque conseguiu sair de casa sem o piercing de mamilo (também conhecido como seu filho) e se encontra no mercadinho ou no supermercado perto de casa, meio descabelada e mal-ajambrada, mas toda prosa porque as pessoas olham para VOCÊ (mesmo que seja em reprovação ao seu look ou ar de cansada). Daí você pensa: "acabou a manteiga." Amiga, se você amamenta, não compre laticínios, congelados, sorvetes ou produtos resfriados porque seus mamilos irão reagir ao frio e doerão pacas! Tenho dito.

Você pode até voltar ao seu manequim de antes de engravidar, mas não voltará tão cedo às suas roupas - lembram da calça que eu comprei já grávida, na promoção? Eu entro nela desde 20 dias depois do parto. Mas como o Brasil não é país que aceita muito bem o topless, ela está aposentada no guarda-roupa, pois preciso de roupas brestfeeding friendly. Ou seja, transpassados, botões na frente, alcinhas facilmente removíveis: tudo que eu, outrora portadora de seios pequenos e adepta de poucos decotes e de nada de camisa social, não tenho. Então você, amiga gestante, que ainda não tem barriga, saia agora da frente do computador e vá escolher uns modelitos que lhe permitam amamentar. Ou sofra, como eu, da síndrome do armário da Mônica (se bem que com a fome que sinto, tô mais para Magali, né?) e sua roupa sempre igual, não importa a situação social.

Depile-se, se grávida; chore, se peluda e parida
- se você está na reta final da gravidez, mesmo que com 43 semanas, tampão saindo e contrações de 5 em 5 minutos, DEPILE-SE! Sabe quando você vai conseguir ir ao salão novamente? Bom, se souber quando, me avise, por favor.

Não posso, mas quero taaaanto - sabe aquela máxima de que tudo que é proibido é mais gostoso? Pois é... Não bebo, mas olho com água na boca para os vinhos, licores e cervejas que mantemos em casa. Hoje, tomei sorvete de café da manhã (com calda de caramelo e farofa de amendoim!!!).

Você vai sofrer de crise de labirintite se não se policiar - porque você VAI balançar um bebê imaginário (mesmo a muitos metros de distância de seu rebento) sempre que estiver parada e VAI embalar o carrinho de supermercado e segurar com muito cuidado (apoiando "cabecinha e coluninha") o saco de arroz Tio João. Seu marido também sofrerá deste mal.

Estoque desodorante - nunca se sabe quando você conseguirá tomar banho e um bom desodorante ajuda a manter uma semi-dignidade.

Sua pele ficará estranha - bom, a minha, pelo menos, ficou. Uma textura diferente, uma cor diferente, sei lá. Vou até no dermatologista em breve.

Você vai desenvolver bipolaridade - ou seja, vai acordar de madrugada, naquele mau-humor dos infernos, cuspindo marimbondos, xingando a quinta geração do fabricante da fralda que vazou, mas sorrirá e se derreterá, num claro ataque de bipolaridade, assim que seu filho sorrir para você (mas é bem provável que você retome sua ira mortal contra a humanidade quando o vizinho bater a porta do elevador no meio da madrugada, quando o bebê acabou de pegar no sono).

E vocês, o que viveram no pós-parto que ninguém contou?