terça-feira, 19 de junho de 2012

Nasceu!

É, pessoal, Arthur estava só esperando que seu cueiro e seu enfeite de porta ficassem prontos!
Entrei em trabalho de parto às quatro da manhã do dia 17 e uma da tarde pari, de cócoras, meu filhotinho lindo.
Ai ironia foi que o enfeite de porta acabou esquecido e o cueiro nem chegou a ser usado.
Depois venho relatar o parto.

Anna, não fui à passeata, claro. Mas tirei minha médica de lá, serve?

sábado, 16 de junho de 2012

Se a vida te dá um limão...

...você faz uma limonada (ou uma caipirinha, dependendo do amargor da fruta).

Mas e se a vida te dá uma gestação de 41 semanas, o que você faz?
Bom, eu fiz duas coisas: insônia e madrugadas crafters.

Cuerinho feito com carinho e, ao fundo, enfeite para a porta da maternidade

Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado...


Agora, meu filho, você tem cueiro, enfeite de porta e saquinhos identificados. Pode vir.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Reflexões muito loucas sobre a gestação do elefante

*Para ler ao som de "Chacal Blues".

Antes de embarcar no carrinho que vai te levar para o meio da selva hormonal da minha cachola, aviso: este post não terá o menor compromisso com a lógica ou com a coerência. Além do que, informo que um amigo, "grávido", com bebê previsto para JULHO, se tornou papai hoje e furou a fila. E que também hoje, ao telefonar para o consultório da minha médica, ouvi a secretária perguntar "nasceu?", e eu fui obrigada a dizer que não, e a secretária informou: "é que a dra. teve um parto no meio da madrugada e eu achei que tivesse sido o seu". Na última consulta a médica me garantiu que eu era a próxima, e que ninguém furaria essa fila. #todaschoraesedescabela Dito isso, embarque por sua conta e risco. Obrigada.

Nasci de uma desnecesária. Quer dizer, a cirurgia era, como sempre é nesses casos, desnecessária para mim e para minha mãe, mas absolutamente fundaental para o médico, que queria viajar e curtir os jogos da Copa do Mundo numa boa. Então, aos 8 meses de gravidez minha mãe se vestiu, tirou fotos no jardim interno do hospital, deitou-se numa maca e ganhou, além de horríveis feridas porque a enfermeira não leu que ela era alérgica a iodo e a besuntou com a substância, um bebê minúsculo, porém saudável. Nasci com 45cm e 2,750kg. Incrivelmente não tive grandes problemas por conta da evidente prematuridade (mas convém ressaltar que tive sapinho e minha mãe não teve leite - ou pelo menos orientação adequada para conseguir me amamentar). O médico, claro, viajou tranquilo, e minha mãe descobriu quando foi tirar os pontos porque eu "estava morrendo, meu deus, que perigo horrível esse cordão enrolado no pescocinho dela!".
Não sei se por conta disso, tenho meu próprio tempo. Nunca fui maria-vai-com-as-outras em nada nessa vida, e enquanto as meninas da escola falavam de beijos e meninos, eu brincava de boneca e fazia as minhas coisas no meu tempo. Precisei amadurecer muito cedo por conta das porradas que a vida nos dá, e o resultado disso foi que, aos 12 anos eu já cozinhava minha comida, aos 15 tive meu primeiro emprego e nunca mais pedi aquilo que eu poderia conquistar. Então, as coisas em minha vida tinham um ritmo muito peculiar, afinal, se eu era "atrasadinha" por um lado, por outro era precoce e até responsável demais.
Por conta desse meu traço característico, foi aos 20 anos, muito tempo antes de engravidar, portanto, que eu decidi o que eu queria para o meu parto: dignidade, cuidado real e respeito ao meu espaço, ao meu tempo, a mim.
E aí eu engravidei. No meu tempo. Foi rápido.
E aí enjoei, e não parei por um longo tempo (fiquei mal até cerca de 20 semanas!). Foi demorado (e chato).
E aí trabalhei bagarái e entrei no segundo trimestre. E foi demoraaaaado.
E aí comecei com as contrações de Braxton Hicks. Foi rápido.
E aí os dias começaram a voar, um atrás do outro, de enfiada, tão ligeiros que fiz 38 semanas e só então fui arrumar mala de maternidade, quartinho, cueiro, cadeirinha e todas as fanfarronices que vocês já estão carecas de saber que inventei. Foi superrápido.
E aí completei 40 semanas.
E 40 semanas e 1 dia.
E 40 semanas e 2 dias.
E 3 dias, 4 dias, 5 dias.
E nada de trabalho de parto. Nada de contração efetiva (as de Braxton Hicks continuam firmes, fortes e indolores por aqui), nada de tampão, nada de cólicas leves ou fortes, nada de nada.
Sei que as coisas na vida sempre têm um motivo, e eu acredito de verdade que aquilo por que passamos e que nos incomoda merece uma atenção especial por se tratar, na maioria das vezes, de uma oportunidade espetacular para nos conhecermos melhor ou aprendermos uma importante lição. Aquela bordoada que a vida te dá pode ser uma oportunidade. Aquela chatura na vida cor-de-rosa que todos levamos pode ser ótima para descobrirmos novas facetas e maneiras de lidar com a vida.
Mas às vezes é difícil. Tipo agora, para mim.
Já fui muito aniosa nessa vida, de tomar bolinha e tudo porque sozinha não estava dando, mas aí aprendi a relaxar, a entrar em contato com o meu eu profundo, aprendi a viver um momento de cada vez, a ser menos controladora e mais easy going, aprendi até mesmo a respirar (técnica zazen) quando mais nada é possível, permitido ou controlável. Sente-se e respire, Ártemis.
E assim faço e assim vivo. Sem remédios há mais de 12 anos.
E então hoje, depois de ler que meu amigo, cujo filhote estava previsto para julho, se tornou papai antes  que eu me tornasse mamãe, me permiti dar aquela surtadinha básica de "oh, céus, por que comigo? Por que eu?", mesmo sabendo que era puro drama (e hormônios e ansiedade), e nada sério de verdade estava acontecendo. Mas eu me permiti, sabem? Fiquei chateada, só faltei fazer beicinho e bater o pé no chão, de birra. E vou dizer que deu vontade de fazer os hots, de faxinar a casa, de subir escada, comer abacaxi, beber chá de canela, marcar acupuntura e homeopata. E fazer promessa, e colocar roupa de cama e camisola novinhas, só para ver se Murphy está ligado. Até mesmo ligar para as pessoas que fazem meu pré-natal deu vontade, só para dizer: tô miserável nessa ansiedade, e nessa ansiedade que é quase toda minha porque já não estou trabalhando mais, porque menti a DPP para todos ao meu redor, porque não atendo mais telefonemas e respondo às cobranças com evasivas, porque minha equipe de apoio ao parto está suuuuuuuuperzen. Logo, a ansiedade é minha, me pertence. Não posso culpar outra pessoa pelas madrugadas em claro, pelas manhãs de sono entrecortado, pelas inúmeras listas de horários com as (três ou quatro) contrações irregulares que venho sentindo já há bastante tempo.
Escrevi e reescrevi e desisti de inúmeros e-mails, mensagens e posts.
Então pensei que talvez essa demora tenha a ver com o tempo que preciso para processar tudo, e me organizar emocionalmente para receber meu filhote. É minha sombra se avultando no horizonte, indicando para mim um parto assustadoramente cru, nu, visceral. Não sei o que esperar do processo por que passarei em breve: se entrarei em TP naturalmente, se precisarei ser induzida, se acabarei numa cirurgi. Não sei se vai doer da maneira como penso que vai, se vai minar minhas forças, se vai me levar às raias da sanidade, se vai me transformar. Mas tenho certeza de que essa longa espera ansiosa faz parte dos MEUS pródomos, da minha maneira de lidar com situação no meu tempo, do meu jeito. E, em certo sentido, até fico feliz de ter um filho maravilhoso vindo por aí, um filho que está respeitando esse momento em que preciso encarar e enfrentar o fantasma da ansiedade novamente. E também fiquei contente de perceber o momento antes que ele passasse, e acho que realmente preciso me desligar do "trabalho de parto" e encarar o "processo do parto", buscar meus caminhos para relaxar, ou pelo menos aceitar o incômodo, e respirar. Poucas coisas fizeram tanto sentido em minha vida quanto a frase "tudo o que você pode fazer em alguns momentos é respirar".
Desculpem o post longuíssimo, absolutamente descompromissado com começo-meio-e-fim ou com historinhas interessantes e engraçadinhas. Faz parte do meu processo de introspecção e, por incrível que pareça, vir aqui no meu cantinho, onde eu sou quem sou, livre de amarras sociais, ajuda. Aqui eu me sento e observo os pensamentos e sentimentos passando, um a um, enquanto eu faço tudo o que posso fazer: respirar.

E que mais ninguém passe a minha frente.
=P

Eu ainda não pari

Em compensação, a Mel Lisboa...

o.O
Me abracem, por favor?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pelo direito de parir onde eu quiser

Matutei muito, escrevi vários rascunhos gigantescos, senti o sangue ferver lendo as bobagens dos que repudiam o parto domiciliar e reproduzem preconceitos, mas daí achei que tem horas em que poesia é melhor que prosa.

Minha opinião sobre onde parir, então, vai até musicada.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Tensa

Você começa a se preocupar com seu grau de fanfarronice quando sua médica, na consulta, se despede dizendo: "Nossa, estou muito animada com seu parto. Vai ser muito divertido!"

Ártemis, entretendo a galera, mesmo nos momentos de dor, desde 1982.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Assim, meio Rachel Green

Entrei na 40ª semana.

Juro que acreditei que teria um baby em casa antes que este marco chegasse, mas a dura verdade é: abri meu e-mail hoje e o boletim que assino sobre o desenvolvimento do bebê e da gravidez dizia "Recém-nascido: muito amor e caos". Recém-nascido???!! Onde? Pari no meio da noite e nem senti? Não, não, não. A realidade, a dura realidade é que precisei ir até o pé da página e ler a parte intitulada "Ainda grávida?". É duro, meu povo! É duro!
E daí eu me lembrei daquele episódio de Friends em que a Rachel Green entra em trabalho de parto, vai para o hospital e TODAS as gestantes que ela encontra têm filho antes dela. Tô meio assim. Primeiro porque quero um parto normal em meio a esse marzão sem-fim de cesárias eletivas. Segundo porque sou primípara (chique, né?) e as coisas tendem mesmo a demorar mais um bocadinho nesses casos (há exceções, eu sei, mas vocês são bacanas comigo e NÃO vão citá-las, né?). E aí parece que, enquanto me encaminho para uma gestação de elefante (minha médica brinca que a gravidez dura 8 meses e 1 ano), as prenhas ao meu redor vão parindo, sem critério, sem qualquer gentileza ou sensibilidade para com esta buchuda que aqui escreve.
E o pior: agora já tenho cadeirinha, já tenho cueiro, já tenho letrinhas para o enfeite, já passei todas as roupinhas, já encomendei as lembrancinhas da maternidade e estou ficando sem gincana.
Por fim, para completar minha situação periclitante, informo que nem com toda a chapinha do mundo parirei com o cabelo da Jennifer Aniston. É triste, meu povo, é triste.

E afinal, até a Rachel já pariu!


domingo, 10 de junho de 2012

A saga da cadeirinha

Sei que hoje não é ontem, mas se estou aqui escrevendo este texto é porque ainda tenho um filhote embutido.
Tem seu lado bom, porque não terminei as gincanas. Aliás, a busca pelo R perdido teve novo capítulo! Lembram que eu encomendei pela internet um alfabeto igual ao que eu tenho aqui em casa? Pois recebi um e-mail da loja virtual lamentando que "o artigo, infelizmente, esgotou".
Quém-quém-quém-quém.
Resultado: catei umas letrinhas outras aqui (que são muito menos visualmente impactantes que as primeiras) e só me falta colá-las para anunciar que eu tenho um Arthur (e não um Arthu ou um Arthub, já que eu poderia cortar o B e transformá-lo num R meio estranho). Agora é tomar vergonha na cara, sentar diante da máquina de costura e mandar ver no restante do enfeite (depois mostro como ficou. Prometo).

Mas, sem mais delongas, vamos ao que interessa: então que a cadeirinha chegou, enfim!
#todasficafeliz
E aqui, caros leitores, venho eu contar minha saga, quase epopeia (bem que merecia uns versinhos essa história, mas vou poupá-los porque assim me manda o que me resta de bom-senso - e vocês verão que bom-senso anda escasso por essas bandas).

Tudo começou no longíquo primeiro trimestre, quando minha melhor e mais querida amiga do mundo inteiro me deu de presente o travel system que eu tanto queria. Cadeirinha/bebê conforto e carrinho não seriam um problema para mim. A felicidade bateu no meu peito e ainda hoje, quando vejo o carrinho estacionado na sala, aguardando seu tripulante, me sinto grata e felicíssima (menos gastos, menos problemas, menos um item).
Acontece que minha melhor e mais querida amiga mora nos States (chique, né?) e não pôde trazer o conjunto completinho de uma vez porque era mala demais, então a cadeirinha/bebê conforto ficou com ela, e me chegaria às mãos em maio. Primeira semana.
Marquei na agenda a data da chegada da minha amiga tão querida (progesterona, um beijo para você que me faz esquecer até se almocei) e pensei: maio é um pouco arriscado, mas tudo vai dar certo, filhote vai ficar na pança até junho, e todos seremos felizes. E maio chegou. E minha amiga chegou. E a cadeirinha chegou. Em São Paulo. O quê? Não contei que minha melhor e mais querida amiga é paulista? Pois é. Ela é. E vinha ao Rio, se não fosse um compromisso profissional inesperado arrastá-la para Manaus. Note bem, você não leu errado: MANAUS. Claro que deixamos a cadeirinha na casa da mãe da minha amiga, em SP, afinal eu conheço umas trinta pessoas que viajam de vez em quando para São Paulo, e só três que viajam de vez em nunca para Manaus.
Na minha cabeça de grávida sonhadora de início de maio, tudo estava resolvido: tenho um tio que mora em São Paulo e me traria a cadeirinha sem qualquer problema. Traria, se ele não tivesse sido alocado em Curitiba por três meses, por conta de um trabalho.
Meio de maio chegou. E com ele, a solução: uma pessoa que conheço iria fazer Rio-São Paulo, de carro, por volta do dia 20. Perfeito! Ela pegaria a cadeira e traria para mim. Delivery express.
Óbvio que deu chabu.
Essa pessoa é enrolada e furona, mas como havia me garantido, jurado pela felicidade de toda a família e pelos santos todos que iria buscar o raio da cadeirinha, acreditei. Tola que sou! Não só essa pessoa não buscou a cadeirinha, como ficou "me prendendo", pois prometia que a viagem a SP aconteceria naquela semana e que eu não falasse com mais ninguém porque ela resolveria.
Nisso, junho chegou. E com ele, a real data da viagem da tal pessoa: meados de junho. Como ninguém com quem eu convivo pessoalmente sabe da minha DPP, não podia simplesmente chegar para a dita cuja e falar: olha, provavelmente já terei parido nessa época. Tudo o que pude fazer foi agradecer pela disponibilidade e arrumar outra pessoa que me ajudasse (e não me atrapalhasse) a ter um final feliz.
E essa pessoa surgiu! Um amigo vinha passar o feriado de 7 de junho no Rio. Olha que fortuito! Até porque dia 7 era beeeeem melhor que o longíquo dia 15 ou 20 da enrolona. Fiquei feliz, me emocionei, pensei: agora vai! E foi. Foi para as cucuias o plano.
O rapaz ficou doente e precisou abortar a viagem de entretenimento. Tive ímpetos de sentar no chão e chorar. E pensava: não basta passar duzentas e noventa e sete pecinhas minúsculas de roupa para passar, não basta essa falta de ar constante, esse estresse de ter deixado tudo para em cima da hora por conta dos compromissos profissionais, eu ainda preciso sofrer (e muito) com o raio da cadeirinha!
[Meninas não grávidas, pensem na pior TPM da sua vida e multiplique por dez. Ok. Você entendeu a enxurrada hormonal gravídica.
Meninos, pensem no Maguila doidão de tequila chorando porque não conseguiu amarrar o cadarço. Você quase entedeu como reagi.]
Então eu vim aqui, contei para vocês, a Anna me salvou a vida e, na mesma manhã em que já estava tranquila e feliz porque havia uma solução, surge uma alma caridosa, ex-carioca, morando em Sampa, que vem ao Rio feriadar feliz. E ela não tem malas. E ela pode, sim, por que não?, me trazer a cadeirinha. E meu amigo, que ficou doente e não pôde vir ao Rio, pode, é claro!, levar a cadeirinha até essa minha amiga (agora, forte candidata a entrar no hall da fama da amizade e deixar até a marca das mãozinhas no gesso do meu coração).
Precisei me controlar para não dizer que ela caiu do céu porque, afinal, ela estava vindo de avião e não queria que nada pudesse arriscar a operação. E hoje, quando vi a cadeirinha, meu coração se enterneceu, me enchi de gratidão e pensei: Arthur pode, enfim, nascer.
Mas então meu chão ruiu. Em pleno aeroporto caótico, transferindo da mala para uma sacola as roupinhas e coisinhas que vinham com a cadeirinha, minha amiga revela: não deu para trazer "uns panos que estavam junto por conta do peso da mala". Os "panos", minha gente, eram as duas mantinhas e os 7 cueirinhos que eu havia comprado para embrulhar meu pacotinho. Sorri, engoli o pânico, agradeci efusivamente o imenso e impagável favor que ela me fez, e deixei o aeroporto com uma barriga, uma cadeirinha, meia dúzia de roupinhas e a promessa de que dia 22 de junho terei meus "panos" no Rio. E, para completar a murphylização da saga, São Pedro voltou das férias e tascou o termostato lá para baixo. Resultado: corri para comprar manta e cueiro que Arthur usará atéééé sair de casa, já que terá umas 5 mantas e uns 12 cueiros. Já estou vendo: aniversário de 18 anos, Arthur todo feliz, vai dormir com a namorada em seu quarto, e ela pergunta: "Amoreco, o que é isso?" Ao que ele responde, meio constrangido: "Isso, meu bem, é um cueiro, que ganhei de presente hoje... Bacana, né? É de flanela, minha mãe comprou quando estava grávida de mim, mas nunca usou. Aliás, todo ano ela me dá um cueiro novo de presente..."

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Plugada e pilhada (ou "Ainda não pari")

Com a contagem regressiva pressionando a todos, convém que eu apareça diariamente para dar satisfações e não deixar ninguém achando que eu já pari, né?
Apesar do cheirinho delicioso de fraldas e sabonete de neném que paira no meu apartamento, apesar da pança enorme e dos hormônios enlouquecidos, e apesar, sobretudo, de já ter cadeirinha (todo mundo jogando as mãos para o alto e comemorando comigo! Principalmente a Anna!), Arthur ainda mora dentro de mim.
Ele ainda mora dentro de mim e eu continuo plugada (nada de tampão, minha gente) e começo a ficar pilhada. Acho que as gincanas estão chegando ao fim (chegou a cadeirinha, já até comprei e lavei a capinha para forrá-la), o enfeite da porta da maternidade também está caminhando (a passos de cágado velho, mas caminha) e o porta-fraldas está sendo tentadoramente adiado (já pensou que relato de parto fabulosamente crafter se eu disser que entre as contrações eu aproveitava para terminar a pintura da peça?!).
Lavei todas as roupinhas até 6 meses, faltam cerca de 30 peças para passar (num horizonte de 7952 peças iniciais, o que são 30 bodies do tamanho da palma da minha mão, não é mesmo?), bercinho já tem protetor e lençol (e edredom, que é para não pegar poeira) e amanhã devo comprar uma mantinha porque está ficando frio. Também amanhã devo mandar emoldurar uns quadrinhos e trocar umas roupinhas.
Daí, o que me sobra? A tensão da US, que não consigo marcar em lugar nenhum do universo, e o frisson do R perdido. Lembram? Arthur tem 2 Rs e o alfabeto que comprei só tem um R. Mas achei na internet um alfabeto igualzinho ao que tenho por aqui e comprei, com entrega em prazo que varia entre 3 e 8 dias úteis. Será que na porta da maternidade teremos um Arthu ou um Arthur? Prometo voltar para contar.

***

Também preciso comentar o post anterior, tá? Então vocês, por favor, sejam novamente bacanas com uma gestante hormonalmente alterada e ainda plugada, com quase 40 semanas.

Quando eu disse que estava ficando loucona de hormônios (mas loucona de verdade, de ter medo de sair na rua, dar meus ataques de pelanca e, em vez de voltar para casa - e para meus dias sem fim -, ir direto para o manicômio), acho que ninguém levou muito a sério. Até o último post, né?
Adorei que várias pessoas comentaram e vi que muitas outras me visitaram, mas não falaram nada (eu estou loucona de hormônios, mas não mordo - ao menos não enquanto houver uma tela entre nós -, então podem comentar) e realmente achei incrível porque escrevi o texto pensando uma coisa, num tom, e vi como as palavras nem sempre têm o tal "estado de dicionário" do Drummond e acabam enveredando por caminhos inesperados. E que coisa bacana.
É que eu meio que desabafei, sabem, por causa das gincanas. E aí li o texto da Thais, e vi aquele tanto de roupinha por passar, e quase não deu certo a operação resgate da cadeirinha, e minha licença médica está acabando e eu não queria gastar a licença-maternidade, e minha médica me passou uma US que não consigo marcar, e meus dias parecem que andam eternos. Daí desabafei das dores acumuladas ao longo da gravidez, porque eu concordo com vocês, que leram o post e vieram com muito carinho me lembrar (e consolar) de que essas perguntas, muitas vezes, são formas de dizer "oi, que bacana você estar grávida e eu quero muito que você e seu bebê sejam felizes". Eu sei, eu sei, gente. Mas tenho meus pontos sensíveis e, como eu disse no comecinho deste texto, o tal "estado de dicionário" de que fala Drummond nem sempre é alcançável no cotidiano nada poético, né? Daí, tome interpretar palavras e tons e dar aquela sofridinha básica. Sofri, mas quem não sofreu?

E aí passou. E ontem mesmo umas pessoas me perguntaram (e saíram ilesos da minha casa, vejam só!)  se eu tinha planejado a gravidez, quando nascia esse menino e se eu tinha preferência pelo sexo. Ai, Murphy, você é tão legal (e tão previsível)!

Enfim, obrigada, muito obrigada a todas que comentaram com tanto carinho e solidariedade e votos de bom parto! Buchudas interrogadas deste Brasil: uni-vos e compadecei-vos das agruras e angústias alheias!
=)

***

Para finalizar, prometo que, se não entrar em trabalho de parto amanhã, venho contar a saga da cadeirinha. Sei que não sou muito boa em cumprir promessas por aqui, mas o texto já está pensado e quem não parir, verá.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Perguntinhas irritantes

Outro dia estava lendo no blog da Thais o texto que ela fala sobre como as pessoas, ao verem uma grávida, muitas vezes são sem noção e saem distribuindo insensibilidades e incongruências. E aí comecei a pensar nas perguntinhas cretinas que ouço desde que anunciei que ia ser mamãe. Francamente...

1. Foi planejado?
Sério, essa é a pergunta que mais me deixa LOUCA. O que a pessoa tem em mente quando pergunta isso? O que ela tem a ver com minha vida sexual? Se foi planejado, ela vai querer dicas e detalhes? Se não, vai me sugerir um aborto ou chorar comigo abraçadinha? Pergunta mais sem cabimento e cuja resposta, francamente, não interessa a ninguém.

2. Tem preferência pelo sexo?
Tinha ímpetos de responder a essa pergunta com algo do tipo "sim, sadomasô com velas derretidas e chicotadas". Novamente, o que a pessoa tem com isso? Acho esse o tipo de informação que, caso seja importante e fundamental, a própria mãe comentará. Espontaneamente. Fora isso, é indelicado perguntar. Indelicado e insensível.

3. É menino? Porque com essa barriga pequenininha e bonitinha só podia ser.
Essa é campeã! Além de ser uma bobagem sem tamanho (já que minha barriga é "pequenininha e bonitinha" - é bonitinha porque pequena? Nunca entendi esse critério e acho todas as barrigas de grávidas LINDAS e mágicas! - o bebê precisa ser menino? Por quê?), é uma pergunta/constatação extremamente machista! Porque está implícito nesta declaração que as mulheres são seres FEIOS, seres que só trazem feiúra para o mundo e suas mães, seres que são péssimos de serem carregados porque trazem o estigma daquilo que não é o padrão. Ah, faça-me o favor! Minha barriga é linda e não está pontuda, redonda, verde, roxa, com umbigo assim ou assado por conta do sexo do bebê que carrego dentro de mim. Ela está assim porque minha constituição física permite que ela fique assim. E porque meu bebê tem determinado tamanho. E, por fim, porque engordei X ou Y, e, novamente, minha genética determina para onde vão esses quilinhos: se para os braços, bunda, perna ou barriga. Simples assim.

4. Engordou quanto?
É sério isso? Por que a pessoa quer saber? Para se sentir mais confortável com o próprio peso (sabendo que alguém engordou "muito" em pouco tempo) ou para se auto-afirmar quanto ao próprio corpo? Se eu responder 30 quilos alguém vai se dispor a receber uns quilinhos para me ajudar no pós-parto? Acho essa uma curiosidade meio mórbida, parecida com aquela que as pessoas sentem quando tem um acidente na estrada: bora lá ver o sofrimento alheio para saber que o nosso sofrimento não é único. Eu, heim. Sai para lá, urubu!

5. Ah, mexendo assim, se prepara, porque vai ser um bebê agitado, que vai ficar acordado a madrugada toda, viver com cólicas, ser manhoso, chato, doente, pé torto e genioso.
Valeu, heim! Minha resposta para isso é uma figa, porque o que responder a tamanha uruca?

6. Já sabe em que hospital vai ter?
Por quê? Quer saber se você vai conseguir chegar para me ajudar no parto? O quê? Ah, é. Você não é médico e nem é o MEU médico. Para que você precisa saber, então, onde eu vou ter meu bebê?
Não entendo. Juro. Que diferença faz? Se você não puder ir à maternidade que escolhi, eu NÃO vou mudar a minha programação por você.

7. É para quando?
Se eu soubesse responder a isso, estaria milionária, né? Bebês nascem prematuros, contas de DUM são errôneas, bebês se desenvolvem em ritmos diferentes. Meio complicado responder a isso. Mais digno perguntar "quantas semanas de gravidez?".

8. Esse bebê nasce ou não nasce? Já nasceu? E todas as suas variações.
Essa é a uma das perguntas mais surreais!
As pessoas devem realmente acreditar que eu engravidei, divulguei minha gestação, partilhei o que eu achava que deveria partilhar (depois de ser bombardeada por perguntas cretinas e invasivas), e quando o moleque nascer eu vou ESCONDÊ-LO do mundo?! É sério? As pessoas acham que eu não vou falar: Arthur nasceu?! As pessoas acham que eu vou fingir que ainda estou grávida?
Simplesmente não entendo. É uma carência louca!
Acho que você chegar para a grávida e pedir: "olha, não temos contato diário, mas gostaria muito de ser avisada de que seu filho nasceu porque torci muito por vocês e estou muito contente com a chegada do bebê" soa tão carinhoso e delicado. Por que pressionar, então, a grávida, que já está ansiosa pelo nascimento? Por que deixá-la com mais uma tarefa ("olha, assim que a bolsa estourar, você me avisa, tá?" Aham. Pode deixar! Vou estar cheia de hormônios, contrações, pensando se esqueci de pôr algo na malinha da maternidade, coordenando marido, tentando manter alguma dignidade e sanidade no momento mais importante da minha vida e vou parar TUDO para ligar para você, prima da vizinha da avó do meu marido.)?

9. Em pleno século XXI, no Rio de Janeiro, você vai querer um parto normal? Por quê? (com cara de indignação)
Valeska Popozuda, minha querida, te amo. Mentalmente, minha resposta a essa pergunta traz uma frase dessa grande pensadora contemporânea: "a %$#* da %&&¨$ é minha!!!" (não entendeu? Joga no google e delicie-se!)
E essa frase se expande a todos os limites: tudo no processo é MEU! O parto, a dor, o marido, o filho, a recuperação pós-parto, as ideologias, as crenças. Quando chegar a SUA vez de parir, faça a SUA escolha.

10. Quando você for para o hospital vai me telefonar para eu ir também, né?
Só respondo séria e sinceramente para três pessoas: meu marido, minha médica e minha doula.
Se você recebeu de mim um "claaaaaro que vou ligar!", saiba que eu MENTI.
=)


Agora me respondam vocês: com tanta pergunta irritante, indelicada e surreal, não dá para colocar toda a culpa da minha intolerância nos meus hormônios, dá?

terça-feira, 5 de junho de 2012

E daí que a barriga anda pesadona, que faço xixi amiúde, que passo as roupinhas do filhote a prestação porque não consigo ficar muito tempo em pé? E daí que a cadeirinha ainda não chegou, que me faltam umas coisinhas antes do baby poder nascer, que não aguento mais a ansiedade alheia? E daí que apareceram umas estrias safadas, que sinto dores e pontadas em lugares nunca dantes navegados e que sinto um calor como se estivesse morando no meio do Saara?
Quando eu olho para essa barriguinha, se mexendo no meio da madrugada ou soluçando várias vezes ao dia (sim, ele soluça muito!), a única coisa em que consigo pensar é que o grande amor da minha vida está chegando.


39 and counting*

Diga trinta e nove.
Trinta e nove semanas de gravidez e esse verão micareta aqui no Rio. Tá duro, minha gente.
Hoje visitamos GO, recebemos guia para US e nada de previsão para o parto.
Resultado: sentar, costurar e esperar.
Costurar? Sim! Inventei de pintar um porta-fraldas em MDF, de costurar o enfeite de porta da maternidade e de fazer uns lençoizinhos para o meu rapaz. Bom, o porta-fraldas está a meio caminho, faltando apenas umas duas partes para serem pintadas (vai ser todo branquinho, sem nada de gracinhas porque eu invento artes, mas não piro na megalomania, não). Os lençoizinhos vão ficar de lado por enquanto, porque ganhei uns prontinhos e achei melhor só me preocupar com isso quando o Arthur estiver maior ou se eu chegar a 42 semanas de gravidez (repitam comigo: não, não e não!). Mas ainda resta o enfeite de porta. O tecido está cortado e a máquina de costura só me esperando. O molde é fácil e sei que em meia tarde resolvo o caso, mas aí vou adiando, adiando. Sem contar que me dei conta de que Arthur é um nome com dois R, e as letrinhas que comprei para o enfeite não bastam. Saí, então, em busca do R perdido e não encontrei nada que me satisfizesse.
Para completar a comemoração das 39 semanas de pança, a tal cadeirinha que está em SP ainda está em SP e só deve chegar (via sedex) na semana que vem.
Então, eu, que adoro uma gincana, tenho duas boas para me distraírem nessa reta final de gestação (e para me ajudarem a esquecer que estou chegando ao fim da licença médica e que, portanto, precisarei lançar mão da licença-maternidade): a cadeirinha chega ou não chega? Encontrarei eu letrinhas para o enfeite da porta e conseguirei costurar o que ainda falta?
Aguardem e façam suas apostas!
Prometo voltar aqui para contar como andam as coisas. A não ser que eu resolva entrar em trabalho de parto antes.



*Tradução: 39 e contando.